[quem vigia os vigilantes?]

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Ler Watchmen te fez entender bem porque aquela que é considerada a maior HQ de todos os tempos também era considerada a mais impossível de adaptar para o cinema. Alan Moore e Dave Gibbons não criaram uma história apenas na qual personagens falam por meio de balões. Ao subverter a idéia de que o super herói é um deus ex machina e colocá-lo sob a pressão de viver como um ser humano (e o ridículo que pode surgir de um homem que resolve combater o crime de máscara), os autores discutiram toda a cultura envolvida na nona arte e mudaram a concepção do que é uma história em quadrinhos.

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Entretanto, da mesma forma que as mudanças trazidas por eles puderam mudar a forma com que os leitores de quadrinhos enxergassem o que tinham em mãos, o cinema atual também garante que todas as idéias possam ganhar vida, se colocadas no eixo correto. E poucas pessoas sabem se valer de uma boa história como Zack Snyder.

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O diretor já havia provado em Madrugada dos Mortos (remake do clássico feito pelo mestre George A. Romero) e 300 (de outra referência dos quadrinhos, Frank Miller) que sabe ser fiel às obras que adapta e tem por elas não apenas admiração: ele as reverencia, como um fã de verdade.

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E é essa força de defender a história que faz com que Watchmen (EUA, 2009) consiga sair das páginas dos quadrinhos e ganhar vida na telona. É preciso maturidade para ler a graphic novel. Watchmen surgiu em uma época que estava saturada de heróis bobos, que não possuíam identificação com seus leitores e que até mesmo já haviam sofrido perseguição (na época da caça as bruxas, do senador norte americano Joseph McCarthy).

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Alan Moore (que é também autor do ótimo V de Vingança) discutiu política, crença, relações humanas, sexo, amor, poder e mais um sem número de sentimentos humanos nos 12 volumes do quadrinho, criando uma obra atemporal justamente por essas discussões. Zack Snyder, junto dos roteiristas David Hayter e Alex Tse, conseguiu fazê-lo da mesma forma, transportando a HQ para as telas de forma quase idêntica.

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As cenas dos quadrinhos se movimentam, com posicionamentos de câmera que parecem ter sido colocados dentro das páginas. Locais, situações, até mesmo a adaptação dos trajes é baseado completamente no que é visto na história. A mudança mais forte é mesmo o final que, apesar de manter o objetivo, teve a forma de acontecer alterada. O que, levando-se em consideração o questionamento que fica ao fim da leitura, não tira o mérito.

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Apesar dos elogios, é bom lembrar que o filme não é daqueles que pode ser aproveitado de uma única vez. Watchmen traz uma maior possibilidade de entender o que mantém o fascínio humano por super heróis, quando coloca os próprios homens como detentores de “poderes” que os fazem combater o crime. Não vá ao cinema esperando cenas de ações mirabolantes [apesar que Snyder deu uma pincelada de maior violência, bem aos moldes dos anos 2000], mas sim uma história incrivelmente bem pensada, que fala sobre e para todos. E perceba que o que era impossível de adaptar pode ter se tornado um dos melhores filmes de quadrinhos já feitos.

3 Respostas para “[quem vigia os vigilantes?]

  1. Corcordo com tudo principalmente no final 😀

    até por que é difícil levar um filmes de heróis com muitas cenas de ação por três horas /DIE

    o roteiro sofreu um pouco mas tudo ficou lindo, a trilha então /baba

  2. “As cenas dos quadrinhos se movimentam, com posicionamentos de câmera que parecem ter sido colocados dentro das páginas”
    essa foi exatamente a impressão que eu tive qd vi os quadrinhos hj, os quadrinhos são bons, custa 95,00 eu q nunca pensei q gostava de quadrinhos tô me coçando p comprar! mt foda

  3. Uma crítica sensata, porém, uma resalva:

    Não acho que a violência tenha sido exagerada, ou até mesmo “maior.”
    Na HQ a violência também é crua e explícita. No filme, reproduziram os combates tais quais nos quadrinhos: pancadaria, ossos quebrados, cuteladas na cabeça e sangue, com a vantagem dos sons e movimentos, que os tornam mais vivos e impactantes.

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